Insetos? Argh! Isso é seguro? Nham! – Parte 1

“Que tal uma deliciosa salada de insetos servida com gafanhotos fritos? E formigas desidratadas cobertas com chocolate?”

Com esta chamada, a palestra do Professor Arnold van Huis, professor de entomologia da Universidade Wageningen da Holanda “bombou”. Ele mostrou que embora a estranheza a comer insetos seja presente na maioria da população mundial, inseto é alimento comum na dieta de cerca de 2 bilhões de pessoas. Num mundo que necessita suprir de proteínas uma população crescente, esta tendência parece que veio para ficar.

Na foto, o Professor Arnold mostra interesse crescente pelos insetos.
Autor da foto: Ellen Lopes

 

Arnold explicou que a demanda de carne de origem animal deve crescer em mais 76% até 2050. Mas hoje a produção animal já ocupa cerca de 68% das terras agricultáveis, emitindo cerca de 14% dos gases efeito estufa, e 59 a 71% da amônia da atmosfera. Um dado preocupante é que para cada kg de carne bovina são necessários de 20.000 a 40.000 litros de água, isto quando se considera também a água necessária desde insumos até abate. Estes são os impactos mais importantes, mas há ainda que se considerar o desflorestamento, erosão, desertificação, perda de biodiversidade dentre outros.
Este cenário representa ao mesmo tempo um desafio, mas também uma oportunidade para novas fontes de proteína de baixo impacto para o meio ambiente. 

Figura ilustra quantidade de insetos comestíveis relatados por região.


Na figura acima pode-se perceber a distribuição de insetos relatados como comestíveis no mundo.  Este número é mais elevado em determinadas regiões da Ásia, América do Norte, Central, América do Sul , incluindo Brasil, Austrália e Nova Zelândia.

Estima-se que mais de 1.900 espécies já foram relatadas como alimento. Globalmente, as espécies mais consumidas são:
– besouros (Coleoptera) – 31%
– lagartas (Lepidoptera) – 18%
– abelhas, vespas e formigas (Hymenoptera) – 14%

Além destes insetos, são consumidos os gafanhotos e os grilos (Orthoptera), cigarras, cochonilhas e percevejos (Hemiptera), os cupins (Isoptera), as libélulas (Odonata) e até moscas (Diptera)!

Arnold mostrou que os insetos podem ser coletados ou criados, em escala artesanal, ou produzidos em escala industrial. Abaixo ilustração cedida pelo Professor Arnold sobre criação e venda de insetos.


Mas e quanto à segurança de alimentos:
– Quão seguro é o consumo de insetos? 
– Quais são os perigos potenciais? 
– Que cuidados se deve ter na sua produção para que sejam seguros? 
– É necessário algum tratamento térmico?

Mas esta parte ficará para depois. Aguarde a parte 2.

E você, o que acha sobre o consumo dos insetos? E sobre sua segurança?
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4 Comentários

  1. Muito interessante e de extrema importância atualmente, mas no Brasil temos que fazer uma grande reforma nos paradigmas em relação aos alimentos que consumimos. Há que se pensar em treinamentos que auxiliem na mudança de nossa tradição/cultura na forma que nos alimentamos.

  2. Obrigada por comentar. Você tem razão. A questão de paradigma alimentar teria de ser quebrada em qualquer canto onde este hábito não exista, desde que de fato esta tendência continue se mostrando como necessária. N a fase de discussão pós palestra uma pessoa da plateia se manifestou dizendo que era da Inglaterra, e que pertencia a uma entidade que fazia um trabalho de conscientização e degustação, em escolas com crianças, que têm aceitado muito bem esta novidade. Talvez o caminho seria este: trabalhar as novas gerações.

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