– Rastreabilidade de pragas: monitorando sua cadeia de suprimentos internacional. Por Ana Caroline Barbosa, que participou num painel sobre Pragas.

“O grupo Rollins – ORKIN e IFC trouxe para a “Special Sessions” da Conferência GFSI 2022, uma visão realista sobre os impactos da pandemia na cadeia de suprimentos internacional, e os aspectos relevantes a serem considerados para o monitoramento do controle de pragas em materiais e insumos que transitam entre os diversos países.


Os impactos gerados pela pandemia da COVID-19 alcançaram também as indústrias de alimentos e foram gerados grandes problemas relacionados ao fornecimento de matérias-primas. Até hoje não foi possível nos recuperarmos completamente, e algumas indústrias que importam ou exportam matérias-primas em grandes quantidades, recebem-nas em containers, que por vezes ficam por muito tempo parados nos portos até que possam seguir para os estoques.

Esse tempo em trânsito e de armazenamento nos portos são mais que suficientes para que possíveis pragas possam completar todo o seu ciclo de vida e uma infestação possa levar a perdas consideráveis para a produção de alimentos. Em caso de infestações como estas, é importante que a indústria tenha o apoio de uma equipe competente para o controle de pragas e que possa auxiliar na identificação do tipo de praga que gerou a infestação, e quais as condições que podem ter colaborado para a ocorrência do problema, a fim de contê-la o quanto antes. Em casos de espécies cosmopolitas – aquelas espécies que podem ser encontradas em diversos países, como ratos e baratas – há dificuldade em realizar a rastreabilidade, pois a contaminação pode ter ocorrido em praticamente qualquer lugar durante o trânsito do material.  Este aspecto leva à necessidade de um programa de controle de pragas bem implementado e estruturado para garantir as informações necessárias para todas as partes interessadas.


Os pontos fundamentais ressaltados durante a sessão sobre a implementação de um programa de controle de pragas para que se possa executar a rastreabilidade de pragas, caso seja necessário, são: a comunicação, relatórios detalhados e funcionais, o conhecimento científico para o controle de pragas e inspeções abrangentes dos materiais no ato do recebimento.


Quanto à comunicação, foram ressaltados: divergências em relação às boas práticas de fabricação, armazenamento e transporte que possam colaborar com uma infestação de pragas; entre o prestador de serviço, cliente e outras partes interessadas da organização. Os relatórios estatísticos que são elaborados pelo prestador de serviço também são fundamentais e devem ser vistos de perto. São eles que indicarão uma tendência de infestações em áreas fabris que possam comprometer a exportação de produtos e perdas financeiras, dentro ou fora das organizações.

Já o conhecimento científico é o aspecto fundamental para a rastreabilidade de pragas, pois é através dele que é possível identificar o tipo, a fase do ciclo de vida e da infestação.
Como os materiais acabam ficando muito tempo em trânsito ou nos portos e esses locais não aplicam controle de pragas em suas dependências, grande parte dessas infestações ocorrem nesses locais, o que reforça ainda mais a necessidade de inspeções abrangentes dos materiais recebidos, uma vez que pragas podem ser trazidas para a indústria quando recebidas.


De fato, a rastreabilidade de pragas é complexa e é fundamental a busca para manter as condições adequadas no ambiente fabril, a eliminação de infestações e o acompanhamento de perto do recebimento de materiais para evitar a transferência de uma infestação, e isso só pode ser feito através dos esforços aplicados entre prestador de serviço e indústria, com cooperação e parceria.

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